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Moda e a fábrica de rotulagem corporal


Se há coisa que me deixa fora de mim é dizerem:

- Tu não ès plus-size. Tens de engordar bastante até seres.

- Tu não tens as medidas de uma modelo. Tens de emagrecer um bocado.

Caramba, é quase tão desesperante do que quando estás na fila para pagar e ouvires:

- olhe que o seu cartão está a ser recusado.

Uma pessoa engole a seco e segue como se nada fosse. Mas deveríamos falar disto, não da minha conta bancária, mas do facto da indústria da moda dar indefinidos rótulos e ir saltando alguns corpos. Se é para rotular corpos e usarem-nos, que os usem em todos os formatos e cores.

É muito chato sermos um número 38, 40, 42. São aqueles números críticos para quem quer ser modelo. Mas lá ganhas coragem e vais a uma agência de modelos mas dizem-te que és gordinha demais para lá. Tomas o passo seguinte e vais para uma agência que aceitem plus-size mas és magra demais para lá. Depois tens as agências de pessoas reais, mas vais lá e só querem pessoas alternativas. Ou emagreces, ou engordas ou pintas o cabelo de azul e fazes um piercing e metes um alargador. Mas o engraçado é que a moda agora é aceitar todos é tipos de corpos... só que não.

Infelizmente tenho recebido muitas mensagens de pessoas que como eu, estão presas no meio e não conseguem se enquadrar em nenhuma categoria.

O que a maior parte dos comuns dos mortais não sabe, é que as inbetweeners são encorajadas a encaixar numa destas categorias. O que é só parvo porque a moda cabe em todos os tamanhos, e nós também representamos um tipo de corpo, caramba.

É bastante difícil haver um debate que nos inclua e parece que toda a gente se esquece de nós, e quando se fala em mulheres com curvas e reais fala-se da categoria plus-size. Mas depois se usarmos o termo plus-size, cai tudo em cima a dizer que não o somos. Que mensagem passamos nós aos mais jovens? Que existem apenas duas categorias de corpos no que toca à moda?

Já era tempo de abraçar todo o tipo de corpo, porque todos são reais. Já era tempo de haver representantes para todos eles. Já era tempo de falar sobre isto.

Afinal representamos milhares de pessoas que se enquadram nesta categoria mas que não conseguem encontrar referências na moda do seu tipo de corpo, tornando-se um pouco frustante.

O termo in-between:

Estão lembrados da campanha da Calvin Klein? Ouve uns zunzuns que a modelo era plus-size. O que gerou grande discussão já que a modelo era considerada "magra". E com toda a razão. Não é de facto plus-size. O termo in-between começou a ser abordado através desta campanha, mas foi sol de pouca dura e rapidamente o termo foi esquecido


A modelo chamada Myla Dalbesio, veste um 40 e numa entrevista para a Elle afirmou:

“Não fui colocada na campanha como uma modelo plus size. Eles incluíram-me como qualquer uma, sem qualquer distinção. Não se trata de uma seção separada para modelos de manequins grandes”.

“Eu não sou magra o suficiente para estar com as garotas magras. E eu não sou grande o suficiente para estar com as grandes. Não tenho conseguido encontrar o meu lugar. Por isso, estrelar a campanha foi uma sensação maravilhosa”.

Depois desta campanha o tema não tem sido abordado. Mas já era tempo de uma revista portuguesa abordar o tema e dar voz a esta categoria.

E viva a todos os tipos de beleza e tamanhos.


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